domingo, 3 de fevereiro de 2013

Texto publicado no Blog do Juremir Machado, em 02 de fevereiro de 2013.

Chegamos ao fundo poço com Renan Calheiros?

Chegamos ao fundo do poço!
É inacreditável, mas os profissionais da política, acabam de eleger o Senador Renan Calheiros, presidente do Senado da República.
De costas para a nação, e agarrados aos seus interesses de grupo e corporativos, elegem um senador que renunciou ao seu mandato para escapar de ser cassado pelos seus pares. Na ocasião, o senador foi acusado de ter despesas pessoais custeadas por uma empreiteira. Aliás, uma grande novidade em se tratando de profissionais da política.
Como se não bastasse, na semana passada, a Procuradoria Geral da República ofereceu denuncia ao STF sobre suspeita de que Renan teria apresentado notas frias para justificar sua renda e afastar as acusações de que teria sido custeado pela empreiteira.
Com esse arremedo de cidadão presidindo o Senado e com a Câmara dos Deputados Federais em situação semelhante, onde o que é prioritário são as alianças que envolvem interesses de grupo, corrupção e, em última instância, os interesses da população, estamos (a maioria da população) com uma representação que, de fato, não nos representa.
A “democracia” formal em que vivemos, de democracia tem quase nada. O fosso que os políticos profissionais criaram em relação à população que supostamente representam, é um sintoma claro disso. As desigualdades sociais obscenas, a violência urbana crescente e sem controle das “instituições públicas responsáveis”, a concentração indecente de terras urbanas e rurais, em mãos de meia dúzia de latifundiários, a enorme dificuldade de acesso aos serviços públicos elementares, como saúde, educação, habitação e saneamento, fazem de nossa sociedade aquilo que o professor de economia política da PUC de São Paulo, Vito Letizia, nosso amigo, chamou de “monarquia eletiva”, que governa com o apoio de uma corporação de políticos profissionais periodicamente eleitos para representar o povo, mas que representam antes de tudo interesses corporativos próprios e de grupos capitalistas junto ao estado burguês.
A dissociação entre a população e os “poderes públicos” é uma marca registrada das sociedades atuais. O Estado, que deveria representar essa população, defende, antes de qualquer outra coisa, os interesses de grupos privados, nacionais ou internacionais. Uma vez satisfeitos os interesses desses grupos, as sobras ficam para a população.
As tragédias se multiplicam, algumas por negligência, outras propositadamente. O importante para os detentores do poder é que seus lucros não sejam afetados. O resto que se dane.

Lucio Barcelos – médico sanitarista
Fevereiro de 2013.

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