terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Muito mais do mesmo 2.

Tem coisa de um mês, escrevi um artigo intitulado “Muito mais do Mesmo”, onde procurei justificar meu voto nulo e, ao mesmo tempo, procurei demonstrar que o parlamento brasileiro já tinha esgotado suas funções e que, hoje, não passava da imagem distorcida de algo que muitos anos atrás, teve algum papel relevante na história do país.
Por essa razão, estou verdadeiramente espantado com toda essa gritaria e suposta indignação com o aumento que se auto-concederam os senhores deputados e senadores.

Alguém tinha alguma dúvida a respeito do comportamento dos ilustres parlamentares?
Eu gostaria que alguém me informasse qual a novidade, ou qual a mudança de comportamento que representa mais esse ato obsceno dos parlamentares.

Então, não me venham com essa cara de espanto. De quem não imaginava que os congressistas não seriam capazes disso. Não foi todo mundo avisado? No meio desses 513 deputados e 81 senadores, se existir ao menos um que se mova, autenticamente, por um interesse maior, na defesa das reais necessidades da população, creio que já podemos contar vitória.

É claro que nem todos votaram a favor do aumento. Alguns, de boa fé, e outros, por malandragem, não compareceram ou, então, votaram contra o aumento. Considerando que já sabiam, de antemão, o resultado, esses votos contrários ou as ausências, trazem a marca do oportunismo e pouco valor pode ser dado aos mesmos. Eu não vejo absolutamente nenhuma contradição na atitude dos deputados. Quem reclama, agora, pessoas de classe média esclarecida, que sabem a milhares de anos, que o congresso brasileiro é a farsa grotesca que é, não tem o direito de reclamar de qualquer coisa que os mesmos façam ou deixem de fazer. Deveriam ter pensado antes de depositar seus votos. E deveriam servir de exemplo para uma parcela enorme da população que, por seguir o exemplo da “classe média esclarecida” continua depositando confiança (com grande desconfiança, é verdade), nesse bando de malandros que compõe a chamada classe política brasileira. Que de classe não tem nada.

Então, não me venham com essa cara de espanto e de indignação. Deveriam ter feito como fizemos, os 36 milhões que votamos nulo ou branco, ou que decidimos pela abstenção.

Se fossemos o dobro, provavelmente, hoje as coisas seriam diferentes. Mas não, resolveram eleger os Tiriricas e os Malufs da vida que, nesse momento, e nos próximos quatro anos, vão rolar de rir de nossa cara, por palhaços que somos. Ou são.

Lucio Barcelos - Médico Sanitarista
Vereador suplente pelo PSOL.
Dezembro de 2010.

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