Escolha seu Candidato: mas não se apresse!
As eleições estão aí, batendo em nossa porta, insistentemente.
Apesar do descrédito generalizado, apontado em todas as pesquisas de opinião; apesar da desconfiança, também generalizada, em relação àqueles que são vistos como “políticos profissionais” e apesar do completo esgotamento do sistema eleitoral e da forma atual de representação parlamentar, não temos como não votar. Não nos foi dado esse direito. Voto obrigatório, restrições posteriores para quem não cumprir seu “dever cívico”, problemas à vista.
Dessa forma, com todos os “senões” ditos e não ditos, vamos votar.
Só acho que, antes de votar, devemos fazer uma pequena reflexão sobre como escolher nosso candidato, procurando reduzir ao mínimo, o risco de jogar nosso voto na lata do lixo. Antecipo que não será uma tarefa fácil.
Por precaução e por resguardo, creio prudente listarmos alguns critérios e/ou pré-requisitos, relacionados com o sistema de representação tal qual ele se apresenta e, por dever de militância, com a área da saúde, que considero essencial para melhorar as condições de vida da população. Não necessariamente em ordem de importância penso que só deveríamos votar em um candidato que:
1 – assuma como proposta prioritária a defesa do voto facultativo. Voto é um direito da cidadania e não um dever. Quem supõe que a população não tem discernimento para decidir em quem votar, não merece ser votado;
2 – assuma a defesa da proibição do instituto da reeleição. Em outros termos, os candidatos são eleitos por um único mandato e depois voltam para suas vidas e profissões normais. Política não é profissão é prestação de serviço;
3 – que apóie a revogabilidade dos mandatos dos parlamentares, a qualquer momento;
4 – que defenda que, uma vez eleitos, os deputados e senadores permanecerão ganhando o mesmo salário que recebem em suas atividades profissionais. Caso o cidadão estiver desempregado, recebe uma ajuda de custo do poder público para exercer seu mandato;
5 – na eventualidade de se eleger, assuma o compromisso de utilizar a estrutura de seu gabinete, exclusivamente para retribuir em serviços àqueles (associações, sindicatos, clubes) que o elegeram;
6 – que assuma a responsabilidade de lutar incansavelmente pelo fortalecimento e ampliação do setor público/estatal da saúde e pela imediata suspensão de todos os subsídios estatais, diretos e indiretos, concedidos ao segmento privado da saúde.
Considero que não sejam compromissos simples de assumir, mas penso que é um bom começo.
Lucio Barcelos
Médico Sanitarista
Ex-Secretário de Saúde de Porto Alegre
Agosto de 2010.
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