domingo, 23 de setembro de 2012

A saúde, mais uma vez.

Capa da Zero Hora dominical, matéria publicada pelo jornalista Humberto Trezzi, evidencia, mais uma vez, os desvios, falcatruas e erros cometidos contra o Sistema Único de Saúde, lesando-o (isto é, lesando a população) em R$ 753 milhões de reais, em tres anos. Essa é a parte visível dos desvios praticados, uma vez que representa uma amostra de 10% das auditorias realizadas nos serviços prestados pelos “contratados, conveniados” pelo SUS.
Na verdade, salvo a quantificação, não existe nenhuma novidade no relato do jornalista. O sistema capitalista, em franco processo de crise e decomposição, vive cada vez de forma mais intensa e generalizada, da expropriação do setor público. Todos nós estamos cansados de saber que o setor privado, para cumprir sua necessidade de lucros cada vez maiores, com custos cada vez menores, rouba, desvia, recebe benefícios e subsídios do setor público, como nunca antes aconteceu neste país. Na área da saúde, além das falcatruas costumeiras, temos a instituição oficial das chamadas “filantropias” que não passam de subsídios e redução de custos para o setor privado, que de uma forma desavergonhada, mascara e maquia suas contabilidades e orçamentos, para arrancar mais do poder público.
O correto a fazer, seria a extinção da figura da filantropia. O setor privado que quizer se estabelecer no setor da saúde, que se estabeleça com seus próprios recursos, sem um único centavo público. Assim, acabaríamos com a dependência fraudulenta do setor privado em relação ao setor público. Em nosso Estado, 72% dos recursos públicos para pagamento de internações hospitalares vão para o setor privado. Caso houvesse um governo digno e que defendesse os interesses da população, uma medida urgente seria a desapropriação, tendo em vista o interesse público, de todos os serviços ditos “filantrópicos” e dos serviços de meios diagnósticos e terapêuticos. Constituir-se-ia no início de uma caminhada para retirar o Sistema Público de Saúde da “ilegalidade constitucional”. Afinal, a Constituição Federal prevê que o sistema Único de Saúde é um direito da população, diretamente exercido pelo Estado e “complementado”,segundo as diretrizes do SUS, pelo setor privado.
 Lucio Barcelos- médico sanitarista
Setembro 2012

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