Promessas vazias!
Em meio a uma política desastrosa, de desmantelamento do Sistema Único de Saúde, o Prefeito recém reeleito, José Fortunati, fala em priorizar a saúde em seu próximo governo. Difícil de acreditar. Pois um governo que obriga e constrange os trabalhadores do Programa Saúde da Família a “pedirem demissão” do Instituto de Cardiologia, com o objetivo de desobrigar-se de pagar os direitos trabalhistas dos mesmos, numa vergonhosa venda casada como condição para aceitá-los como empregados do malfadado Instituto Municipal Estratégia Saúde da Família (IMESF), não parece merecedor de crédito para resolver os graves problemas da saúde do município.
Depois de quatro anos de ausência de qualquer política que permitisse vislumbrar uma melhora mínima nas condições de atendimento pelo SUS, o Prefeito promete “construir 05 Unidades de Pronto Atendimento”, reformar o Hospital de Pronto Socorro, e ampliar os leitos hospitalares. Medidas incorretas, supérfluas e, possivelmente, desorganizadoras de um real sistema público de saúde. Primeiro porque o problema do sistema de saúde de Porto Alegre não é a falta de leitos. Os leitos em nossa cidade são mais do que suficientes para a sua população (3,93 leitos SUS/1.000 habitantes - o preconizado pelo Ministério da Saúde é 2,5 leitos/1.000 habitantes). O problema real é a ausência de um processo de “REGIONALIZAÇÃO DA SAÚDE” para reduzir significativamente o percentual (que hoje é de 45%) de cidadãos de outros municípios que são obrigados a recorrer ao sistema da capital, para serem hospitalizados. Assim como não é de UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTOI, que não passam de um arremedo de solução para o fato de não termos um sistema de saúde estruturado desde sua base. Em relação ao Hospital de Pronto Socorro, o principal é o município decidir CONSTRUIR UM NOVO HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO NA ZONA SUL DA CAPITAL. Basta planejar e governar para defender os interesses da população e não dos “empreendedores” da capital. Em relação ao Hospital da Restinga, é bom que se esclareça que ele está sendo construído com recursos públicos provenientes de isenção de tributos, em terreno cedido pela prefeitura para o “pobre” Hospital Moinhos de Vento, em mais uma política equivocada.
Melhor seria se ele afirmasse que incentivaria a atenção básica, que incentivaria a construção de uma industria de medicamentos e equipamentos, que faria, imediatamente concursos públicos para todas as áreas da saúde e que pagaria um salário digno para os funcionários.
Então ficamos assim. O Prefeito faz de conta que vai priorizar a saúde, criando meia dúzia de UPAS e abrindo alguns leitos hospitalares e a população continua sofrendo nas filas em busca de atendimento. Do mais simples ao mais complexo. O prefeito foi eleito com mais de 65% dos votos. Fazer o que? Pode ser que, no meio do caminho, a população decida se mobilizar obrigando a prefeitura a fazer algo realmente efetivo para melhorar o acesso à uma saúde de qualidade em nossa cidade. Estamos prontos a contribuir para que isso ocorra.
Lucio Barcelos - Médico Sanitarista - Outubro de 2012
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