sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Prá frente, Brasil!

Vivemos em um país onde impera, de uma forma clara e objetiva, a impunidade, a corrupção, a violência institucionalizada e uma das maiores desigualdades sociais do mundo. Isso ocorre, mesmo sabendo-se que o Brasil é um dos países com uma das maiores riquezas naturais do planeta. Não obstante, temos um sistema público de saúde ameaçado de extinção, um sistema educacional em retrocesso, um sistema de transporte público falido, índices de saneamento ridículos, um déficit habitacional expressivo, uma concentração de terras urbanas e rurais que beira o absurdo. Para completar esse quadro calamitoso, um poder público cuja razão primeira de existência é dar sustentação a um sistema privado incompetente e corrupto, através das mais diversas formas de subsídios e isenções de todos os tipos. Nesta linha, o Governo de “esquerda” da Presidente Dilma, os Governos Estaduais e Municipais, colocam os bancos públicos a serviço das grandes empresas e privatizam todo e qualquer serviço público que, de alguma forma, possa representar algum tipo de ganho para os setores privados.

Um país, onde a construção de monumentais estádios de futebol, com um custo de assombrosos bilhões de reais, é realizada em um tempo recorde e a construção de hum hospital de 60 ou 90 leitos, com dinheiro público “doado” para o Hospital privado Moinhos de Vento, para atendimento das especialidades básicas, no bairro Restinga, em Porto Alegre, inicialmente orçado em 60 milhões, está “em construção” há mais de 04 anos, sem previsão de inicio de suas atividades. É evidente que contratar pessoal e comprar equipamentos para um hospital é extremamente mais dificultoso do que colocar bilhões na construção de estádios de futebol. É uma questão de prioridade. No caso, o futebol, vem em primeiro lugar. Saúde, educação, saneamento, habitação, são meras formalidades, sem maior interesse.

Para culminar, todos os graves problemas enfrentados pela imensa maioria da população, são resolvidos com soluções “campanhistas”, marqueteiras, absolutamente superficiais, não tocando, nem de perto, os problemas reais. Ou por meio de distribuição de “bolsas” das mais variadas formas, que mitigam mas também não resolvem os problemas da péssima distribuição de renda da população.

Pagar um salário decente, e não os miseráveis R$ 600 ou R$ 700 reais de salário mínimo, propor uma solução para o problema da terra, urbana e rural, que secularmente está concentrada em mãos de um número ínfimo de famílias, reduzir as formas precarizadas de trabalho, que assumem proporções inimagináveis, assim como as formas de trabalho escravo ou análogas ao trabalho escravo, fortalecer os serviços públicos de saúde e educação, aumentar os percentuais de rede de saneamento básico, reduzir o déficit habitacional, não estão na agenda de nenhuma instância de governo no Brasil.

O grande negócio dos governantes é beneficiar a iniciativa privada de todas as formas, legais e mesmo as não legais, como provam os inúmeros casos de corrupção que vêem a público e mais aqueles que não vêem à público, e que devem ser de maior volume do que aqueles que são públicos.

Lucio Barcelos – médico sanitarista

Janeiro de 2013.

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